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Cenário do diabetes no Brasil e seu impacto na saúde ocular

Cenário do diabetes no Brasil e seu impacto na saúde ocular

Em 2021, comemora-se o centenário da descoberta da insulina pelo médico canadense Frederick Banting. No entanto, não há o que festejar diante do crescimento alarmante da prevalência do diabetes mundialmente. Recentemente, a Federação Internacional de Diabetes (IDF), entidade vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou novos números que mostram que 537 milhões de adultos vivem agora com diabetes em todo o mundo - um aumento de 16% (74 milhões) desde as estimativas anteriores da IDF em 2019.

Um em cada dez (10,5%) adultos em todo o mundo vive atualmente com diabetes. Prevê-se que o número total aumente para 643 milhões (11,3%) até 2030 e para 783 milhões (12,2%) até 2045. Estima-se que 44,7% dos adultos que vivem com diabetes (240 milhões de pessoas) não foram diagnosticados. Mais de 4 em 5 (81%) dessas pessoas vivem em países de baixa e média renda. Para a IDF, esse cenário mostra que o diabetes está "saindo do controle". 

O novo relatório da IDF para o Brasil só será divulgado em dezembro, quando o Atlas Diabetes 2021 for publicado. Mas, os dados de 2019 mostravam que o país ocupava o quinto lugar no ranking mundial – ficando somente atrás de China (116,4 milhões), Índia (77 milhões), Estados Unidos (31 milhões) e Paquistão (19,4 milhões) - e o primeiro lugar na América Latina, com cerca de 17 milhões de diabéticos. Uma em cada nove pessoas (com idade de 20 a 79 anos) tinha diabetes no Brasil.

Rio de Janeiro, Maceió e Porto Alegre: capitais com maior incidência de diabetes no país

Publicado em setembro passado pelo Ministério da Saúde, o relatório preliminar do Vigitel 2020 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) mostrou que Rio de Janeiro (11,2%), Maceió (11%) e Porto Alegre (10%) são as capitais com maior incidência de diabetes no país. Nas 26 capitais e no Distrito Federal, 8,2% da população possuem diagnóstico de diabetes, sendo a frequência maior entre as mulheres (9,0%) do que entre os homens (7,3%). Em ambos os sexos, a frequência da doença aumentou intensamente com a idade e diminuiu com o nível de escolaridade.

Mais de 90% das pessoas com diabetes têm do tipo 2

O aumento no número de pessoas com o diabetes tipo 2 é impulsionado por uma complexa interação de fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais e genéticos. As principais causam que contribuem para esse cenário são urbanização, envelhecimento da população, diminuição dos níveis de atividade física e aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade. Quando a doença não é detectada e tratada de forma inadequada, as pessoas com diabetes correm maior risco de complicações graves e fatais, como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, insuficiência renal, cegueira e amputação de membros inferiores, por não receberem assistência em tempo hábil.

Diabéticos apresentam risco de perder a visão quase 30 vezes mais do que as que não têm a doença

Uma pesquisa, realizada pelo Ibope e encomendada pela Bayer em 2020, apontou que 54% dos participantes que tinham diabetes nunca ouviram falar em retinopatia diabética. E o número é ainda maior quando se trata de pacientes que estão no Sistema Público de Saúde (SUS): 63%. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a retinopatia diabética é a principal causa de cegueira em pessoas no mundo em idade laborativa.

Existem evidências de que pacientes com diabetes mal controlado ou na?o tratado desenvolvem mais complicac?o?es do que aqueles com a doença bem controlada. E quanto maior o tempo exposto ao mau controle, maiores as chances de complicações, como o comprometimento da retina. A retinopatia diabética é uma complicação do diabetes que, devido à falta de controle dos índices de glicemia, pode levar à perda da visão, uma vez que provoca alterações estruturais nos vasos sanguíneos da retina que são responsáveis pela formação das imagens.

Os principais sintomas da retinopatia diabética são visão borrada, percepção de pequenas “moscas” voando e perda repentina da visão. O tratamento é mais eficaz nas formas iniciais da doença. A retinopatia diabética tem vários estágios que vão de leve até mais grave. Na forma leve, o acompanhamento é clínico; enquanto que, na mais grave, com risco de perda da visão, a doença pode ser tratada com fotocoagulação por raios laser.

Retinopatia diabética atinge mais de 75% das pessoas que têm diabetes por mais de 20 anos

Na maioria dos pacientes, não há sintomas oculares nas fases iniciais do diabetes. E, portanto, a gravidade da retinopatia está diretamente relacionada ao maior tempo de diabetes e ao descontrole glicêmico. Por isso, tão importante quanto a prevenção, com o controle dos níveis de açúcar, é o diagnóstico precoce da doença com a realização de exames oftalmológicos regularmente, a fim de identificar qualquer alteração. A retinopatia não tem cura, mas é possível reduzir as chances de perda total da visão, se for tratada de forma adequada.

Mesmo com os níveis de glicemia controlados, todos os diabéticos devem ir, pelo menos, uma vez ao ano a uma consulta com o oftalmologista.

Fontes: Federação Internacional de Diabetes e Vigitel Brasil 2020

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