Recentemente, o apresentador de TV Tiago Leifert e sua esposa, a jornalista Daiana Garbin, tornaram público o diagnóstico de retinoblastoma de sua filha Lua, de apenas 1 ano. O retinoblastoma é um tipo de câncer raro que pode aparecer em um olho ou de forma bilateral (nos dois olhos). Apesar de raro, é o tumor ocular mais comum na infância e, em 90% dos casos, acontece antes dos 5 anos de idade. A revelação do diagnóstico, pelos pais famosos, fez com que a notícia se espalhasse rapidamente pela imprensa e pelas redes sociais, se transformando em um alerta sobre o retinoblastoma e reforçando a importância do acompanhamento da saúde ocular na infância.
Em entrevista para a Veja Bem, o oncologista pediatra Sidnei Epelman, Diretor do Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital Santa Marcelina (SP) e Presidente da TUCCA – Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer, ressaltou a importância de divulgação da doença para o rastreamento precoce, uma vez que, em média, 400 crianças terão o diagnóstico de retinoblastoma anualmente no Brasil.
Veja Bem – O que é o retinoblastoma?
Sidnei Epelman – O retinoblastoma é o tumor mais comum que pode ocorrer dentro do olhinho de uma criança, é originário na retina e acomete crianças desde o nascimento até, no máximo, 4 ou 5 anos. Após essa idade, é bem raro. A doença pode se manifestar em apenas um olho ou ser bilateral. Por tudo isso, é importante ter o conhecimento sobre a doença porque o foco não é só o tratamento. É fundamental fazer o diagnóstico precoce para que seja possível curar a criança e preservar a visão.
Veja Bem – Quais são as causas do retinoblastoma?
Sidnei Epelman – Já foram discutidas muitas causas e quais seriam os estímulos para que a criança nascesse com um tumor como esse. No caso do tumor unilateral, a teoria mais forte, inclusive com trabalhos publicados, tem base teórica nos vírus. E por que isso? Porque o retinoblastoma tem uma questão epidemiológica importante. Ele é mais incidente em sociedades menos socioeconomicamente bem estabelecidas, sendo mais prevalente na América Latina, na África, em alguns países da Ásia, e menos na Europa e na América do Norte. Então, por isso, existe uma correlação provável com vírus.
Já o tumor bilateral, que corresponde de 30 a 40% dos casos, tem uma ligação genética e, por isso, é importante saber o histórico familiar, se o pai, a mãe, a avó ou o avô tiveram retinoblastoma. Então, quando essa criança crescer, casar e resolver ter filhos, é necessário que se faça um aconselhamento genético e um acompanhamento de forma mais específica e sistemática do que o normal.
Veja Bem – Como é possível identificar a doença?
Sidnei Epelman – O retinoblastoma, diferente de outros tumores na infância, tem sinais e sintomas muito claros que chamam a atenção. O maior deles é a leucocoria, que é aquela mancha branca dentro do olhinho da criança. E, mesmo que não seja retinoblastoma, pode ser outra doença que precisa ter diagnóstico e tratamento rápidos para não perder a visão.
Existem trabalhos, no Brasil e no exterior, como na Inglaterra e Estados Unidos, que mostram que, na grande maioria dos casos de retinoblastoma, quem vê os primeiros sinais são os pais ou alguma pessoa que mora na casa. Então, é importantíssimo o conhecimento da doença, uma vez que já está comprovado cientificamente quem faz o diagnóstico inicial. O diagnóstico precoce da doença depende de uma série de fatores: inicia com os pais, passa pelo médico oftalmologista e os exames necessários até chegar ao centro de tratamento adequado.
Veja Bem – O que é o Teste do Olhinho?
Sidnei Epelman – O Teste do Olhinho é um exame de fundo de olho, que faz o primeiro rastreamento de tumor ocular. O neonatologista observa um reflexo de luz no fundo do olho do bebê. Todo mundo conhece o Teste do Pezinho e toda criança sai da maternidade com esse exame. É um exame importante, mas as doenças que são vistas por ele são menos comuns do que o retinoblastoma. Então, o Teste do Olhinho também deve ser exigido pelos pais na maternidade. Além de ser feito ao nascer, é preciso ser repetido de forma sistemática pelo pediatra no acompanhamento da criança.
Veja Bem – O que o retinoblastoma pode causar?
Sidnei Epelman – Depende do momento do diagnóstico. Cada caso é um caso, que tem que ser muito bem avaliado para a indicação do melhor tratamento. É extremamente importante saber que, no caso de um tumor intraocular, na maioria das vezes, vai haver a cura e vai depender do estadio, da resposta e da técnica usada para preservar o olho e a visão. Mas, se o tumor passa a ser extraocular, a chance de cura diminui e a agressividade da doença é muito maior, tendo que usar mais a quimioterapia.
Como em toda a oncologia pediátrica, o retinoblastoma deve ser tratado por uma equipe multidisciplinar que tenha grande conhecimento naquilo que está fazendo. Hoje, conhecemos muito da doença e, por isso, sabemos que o tratamento é muito personalizado, dependendo de cada caso.
Sobre a TUCCA (www.tucca.org.br)
A TUCCA (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer) foi fundada em 1998 por médicos, pais de pacientes e representantes da sociedade civil com a proposta de elevar as taxas de cura e melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes carentes com câncer. A Associação atua na pesquisa do câncer por meio de procedimentos e drogas inovadoras.
Também é parceira de centros de pesquisa internacionais, como o INCTR (International Network for Cancer Treatment and Research), com sede em Bruxelas, na Bélgica, e o Texas Children’s Hospital, nos Estados Unidos. A TUCCA financia exames não cobertos pelo SUS para possibilitar que o diagnóstico seja realizado de forma mais precisa e rápida, acelerando o início dos tratamentos corretos e, dessa forma, elevando as chances de cura.
No ambulatório do serviço de oncologia pediátrica do Hospital Santa Marcelina/TUCCA, é oferecido gratuitamente o que há de mais moderno em termos de recursos terapêuticos para as diferentes manifestações do câncer na criança e no adolescente.
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